Muitos acreditam que estes animais enxergam somente as cores preto e branco. Mas isso é mesmo verdade? O médico-veterinário Jorge Pereira explica.
Ver a vida em preto e branco, para algumas pessoas, é privilégio somente de cães e gatos. Mas engana-se completamente quem realmente acredita nesse mito. Podem acreditar, mas estes animais domésticos enxergam, sim, as cores. A visão não é igual à dos humanos, mas eles enxergam perfeitamente mais do que duas cores. “Cães e gatos enxergam cores. Os extremos do espectro de cores. Isto foi comprovado através de testes de discriminação comportamental no início do século passado, por Ivan Petrovich Pavlov (filósofo russo). Hoje, sofisticados testes como ‘eletrorretinografia por fotometria de oscilação’ comprovam os experimentos de Pavlov”, afirma o médico-veterinário Jorge Pereira.
Ao contrário dos humanos, que têm três tipos de pigmentos na retina capazes de captar o azul, o vermelho e o verde, cães e gatos só possuem dois pigmentos, o que reduz o espectro de cores que eles podem identificar. Porém estes animais conseguem diferenciar as cores violeta, azul e verde. Muitos estudiosos acreditam que o cão enxerga um tom de amarelo quando olha para as cores vermelha, verde e amarela, e seria exatamente por isso que ele não conseguiria diferenciá-las. Em resumo, os cães enxergam cores, mas com menos matizes e menos precisão que os humanos, que conseguem diferenciar cerca de 10 milhões de cores e combinações diferentes. “Com relação à percepção de cores, animais como cães e gatos têm visão bicromática, no entanto eles discriminam centenas de tonalidades de cinza que, para nós, humanos, nos parecem apenas um tom. Típica característica da visão de animais especializados para a visão em penumbra”, afirma o médico-veterinário.
Essa limitação visual, no entanto, não é um problema, já que os animais a compensam de outras formas. Cães e gatos, por exemplo, conseguem ver muito bem na penumbra, são capazes de diferenciar várias tonalidades de cinza e possuem enorme habilidade para detectar movimentos. A explicação mais aceita para esse fenômeno, no caso dos cães, é que os canídeos antigos, antepassados dos cães, eram caçadores noturnos e a diferenciação dos tons de cinza e dos movimentos era muito mais importante que a visão das cores. Esses são os fatores mais desenvolvidos na visão canina, podendo, em campo aberto, distinguir objetos do tamanho de um gato em movimento a quase 1.000 m. Por outro lado podem demorar a enxergar um objeto parado a 1 metro de distância. “Para o estilo de vida de um cão ou um gato, a percepção de movimentos e a capacidade de ver na penumbra (percepção de luz) são muito mais aguçadas do que nos humanos. Não podemos deixar de comentar que tanto o olfato quanto a audição, de qualidade muito além das nossas, ajudam na percepção dos eventos ao seu redor”, finaliza Jorge.
Jorge Pereira é médico-veterinário
graduado pela Universidade Federal e especializado em oftalmologia
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