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quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Gato de Botas



Houve um moleiro que ao morrer deixou para seus filhos somente sua moenda, seu burro e seu gato. A partilha foi prontamente feita. Não foi necessário escrivão ou advogado. O irmão mais velho ficou com a moenda. O segundo com o burro e ao mais novo só restou o gato.

O irmão mais novo estava inconsolável, por ter ficado com tão pouco.
"Meu irmãos", ele disse, "podem viver bem, se unirem o que ganharam; mas de minha parte, depois de comer meu gato, morrerei de fome."
O gato que ouvia a tudo, mas fingia que não, disse com voz grave e ar sério:
"Não se aflija meu bom senhor. Você não precisa fazer mais nada, a não ser me dar uma saco e um par de botas, feito para mim, para que eu possa andar por essas estradas cheias de poeira e lama. Então verás que tenho muito mais valor do que pensais."

O dono do gato não levou muito a sério o que este disse, já tinha visto muitas vezes o gato brincando e enganando muitos ratos e camundongos. Mas como não tinha mais nada a perder, fez o que o gato pediu.
Quando o gato obteve o que queria, ele se vestiu muito galantemente, e colocando o saco sobre o ombro foi para a mata. Ele havia colocado dentro do saco farelo de milho e armou uma armadilha para caçar coelhos.
Com o coelho que caçou dentro da sacola, foi até o palácio do Rei e pediu para ser recebido por sua majestade.
Levado até os aposentos do Rei, fez uma longa reverência e disse:

"Eu trouxe para vossa majestade um coelho, com o qual meu Senhor, o Marquês de Carabás, ordenou presenteá-lo"
"Diga ao seu Senhor", disse o Rei, " que eu o agradeço e me sinto muito lisonjeado".


De uma outra vez, o gato foi para um campo de milho, armou outra armadilha com o saco e caçou algumas perdizes.
Novamente deu a caça de presente ao Rei. O Rei, como da primeira vez, ficou muito agradecido, e deu ao gato algum dinheiro.

O gato continuou por dois a três meses, a levar presentes ao Rei, dizendo serem de seu Senhor.

Um dia, quando o gato soube que o Rei sairia para passear perto do rio, com sua filha, uma linda princesa, ele disse ao seu Senhor: " se você fizer o que mando, será muito rico. Você só precisa se banhar neste rio, no local que indicarei e deixe o resto comigo".
O Marquês de carabás fez o que o gato mandou, sem saber porque nem pra que. Enquanto se banhava, o Rei passou e o gato começou a gritar bem alto:
"Socorro! Socorro! O meu senhor, o Marquês de Carabás está se afogando".
Com todo o barulho, o Rei colocou a cabeça para fora da janela da carruagem, e vendo que era o gato que sempre lhe trazia presentes, mandou que seus guardas corressem e ajudassem imediatamente o Marquês.
Enquanto tiravam o pobre Marquês de dentro d'água, o gato foi até a carruagem, e contou ao Rei que, enquanto seu senhor estava se banhando, vieram ladrões que roubaram suas roupas, apesar dele ter gritado bem alto: "ladrões! ladrões!".
Na verdade, o gato maroto havia escondido as roupas embaixo das pedras na margem do rio.
Na mesma hora, o Rei ordenou aos seus guardas que trouxessem de seu guarda-roupa, as melhores vestes que encontrassem para dá-las ao Marquês.
O Rei tratou o rapaz muito bem. Como ele já era bonito, com roupas finas sua beleza realçou ainda mais, fazendo com que a princesa se interessasse por ele.

O gato estava muito satisfeito por ver que seu plano começava a dar certo.
Enquanto seu Senhor ia na carruagem, com o Rei e a Princesa, ele corria à frente e a todos os camponeses que encontrava, dizia que se fossem perguntados, dissessem ao Rei, que todos aqueles campos pertenciam ao nobre Marquês de carabás e que nunca houve uma quebra de colheita, de tão bem tratados que são.
E assim, pelo caminho, o gato pedia para que dissessem que tudo pertencia ao Marquês, e o Rei ficava cada vez mais impressionado.
Finalmente, o gato chegou ao castelo de um ogre, que era o verdadeiro dono de todas as terras e colheitas que haviam visto. O gato, que já havia se informado sobre o ogre e do que ele era capaz de fazer, pediu para lhe falar, dizendo que não poderia passar pelo seu castelo sem render-lhe as devidas homenagens.
O ogre o recebeu e o mandou sentar-se. o gato então disse:

"me disseram que você tem o poder de se transformar em qualquer tipo de criatura, como por exemplo um leão, ou elefante".
"e é verdade!" Respondeu o ogre ríspidamente. "e para convencê-lo, irei me transformar num leão".

O gato ficou terrivelmente assustado, ao ver que o ogre havia se transformado num leão, e correu para se esconder embaixo da mesa.
Quando o ogre voltou ao normal, o gato se acalmou e prosseguiu a conversa:

"eu também fui informado, mas não sei como posso acreditar, que você pode se transformar em animais muito pequenos, como por exemplo, um rato ou camundongo."
"Impossível?" gritou alto o ogre, " você verá agora mesmo".

E imediatamente se transformou num rato, e começou a correr pelo chão. O gato então pulou sobre ele e o comeu.
Enquanto isso, o Rei que passava pela porta do castelo, teve a idéia de entrar e conhecê-lo.
Quando o gato ouviu o barulho da carruagem, entrando pela ponte do castelo, correu ao seu encontro e disse:
"Sua majestade seja bem-vindo ao castelo do Marquês de Carabás."
O Rei muito surpreso, falou: "O que Marquês?!... esse castelo também vos pertence? Nunca vi nada tão fino e belo...deixe-nos entrar por favor".
O Marquês deu a mão à Princesa, e seguiu o Rei, que entrou primeiro.
A Princesa já estava muito apaixonada pelo belo Marquês, e após conhecer todo o castelo, o Rei disse: "depende somente de você, meu senhor Marquês, ser meu genro".
O Marquês, já apaixonado pela linda Princesa, aceitou e quarenta dias depois, eles se casaram.
O gato se tornou um grande Lord e nunca mais correu atrás de um rato, a não ser por diversão.

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