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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Oftalmologia veterinária de cães e gatos



Atualmente, a Oftalmologia constitui um importante ramo da Medicina Veterinária, sendo comum e freqüente a ocorrência de afecções oculares nas espécies domésticas. O diagnóstico das oftalmopatias baseia-se em: histórico completo, obtido através das informações relatadas pelo proprietário; exames sistêmico (geral) e oftálmico do paciente, bem como aplicação de testes diagnósticos.



Exame oftalmológico

O olho e a região periocular são examinados, inicialmente em ambiente iluminado, verificando-se a presença de alterações mais evidentes, como secreção, hiperemia ("vermelhidão"), edema ("inchaço"), alopecia (falta de pêlos), ferimentos e assimetrias; são também aplicadas provas para verificar a acuidade visual. A seguir, o exame oftálmico passa a ser realizado em sala escura, devendo o clínico possuir um foco de luz, que permita a visibilização de estruturas como a córnea, a íris e o cristalino, assim como as pálpebras, os cílios e a membrana nictitante, estes considerados anexos oculares. Caso haja necessidade, estas estruturas devem ser inspecionadas com lupa ou em lâmpada de fenda, para um exame mais minucioso. Determinadas situações demandam a dilatação das pupilas para a melhor visibilização do cristalino, em casos de catarata, ou a realização do exame de fundo de olho (oftalmoscopia), o qual possibilita a inspeção da retina.


Exame do segmento anterior, em olho de cão, com lâmpada de fenda.

O animal é submetido, ainda, a testes com a finalidade de medir a produção da lágrima (teste de Schirmer), verificar a existência de lesões na córnea (úlceras), através do uso do corante fluoresceína, e mensurar a pressão intra-ocular (tonometria).

O diagnóstico acurado e precoce da doença ocular permite estabelecer tratamento adequado, o que torna melhor seu prognóstico. A detecção de doenças sistêmicas concomitantes é de fundamental importância, pois muitas possuem manifestações oculares, como a toxoplasmose, a erliquiose, a cinomose e o diabetes.

As principais oftalmopatias em cães e gatos são as ceratites, as uveítes, o glaucoma e a catarata.

Ceratites

As ceratites caracterizam-se por processos inflamatórios da córnea. Classificam-se, em decorrência da sua etiologia, em: infecciosas, alérgicas, traumáticas, idiopáticas e secundárias a doenças sistêmicas. Relativamente à profundidade da lesão, dividem-se em superficiais, intersticiais ou profundas, podendo, ainda, ser ulcerativas ou não. Existem alguns quadros particulares, como os da úlcera indolente do Boxer e o pannus oftálmico que, geralmente, acomete cães da raça Pastor Alemão. Diminuição da produção lacrimal pode acarretar o surgimento da ceratoconjuntivite seca (CCS).

Os sinais clínicos mais comuns nas ceratites são: perda de transparência da córnea, dor, fotofobia (sensibilidade à luz), blefaroespasmo e lacrimejamento. Nos casos crônicos ocorrem, ainda, vascularização e pigmentação da córnea. Na CCS, há aumento na produção de muco, ressecamento e espessamento da conjuntiva.

Uveíte

A uveíte ou inflamação da úvea que é constituída pela íris, corpo ciliar e coróide, pode ter origem infecciosa, imunomediada, tóxica, traumática ou desconhecida. Na maioria dos casos, o processo é secundário a doenças sistêmicas.

Os sinais clínicos mais freqüentes são: fotofobia (sensibilidade à luz), dor, blefaroespasmo, hiperemia (vermelhidão), lacrimejamento, miose (contração da pupila), edema de íris, hipópio, hifema e diminuição da pressão intra-ocular (PIO).


Olho de gato com uveíte. Notar congestão de vasos
(olho vermelho) e alteração de coloração da íris.

O tratamento consiste no uso de antiinflamatórios tópicos e sistêmicos e de cicloplégicos. Nos casos de uveíte secundária, é necessário estabelecer e tratar a causa primária. A doença pode promover sequelas como aderências, glaucoma e catarata.

Glaucoma

O glaucoma não é caracterizado apenas por um aumento na pressão intra-ocular, mas como uma doença com múltiplas etiologias que resulta na destruição da função e estrutura ocular. Pode ser decorrente da má formação ou obstrução do ângulo de drenagem; bloqueio pupilar (nos casos de uveíte) e luxação ou sub-luxação do cristalino. Estes fatores acarretam a não eliminação do humor aquoso e conseqüente aumento da PIO (pressão intra-ocular), que é detectada por meio de tonômetro eletrônico. A predisposição para o glaucoma pode ser detectada à gonioscopia (exame do ângulo de drenagem do humor aquoso).

O glaucoma pode ser classificado em congênito, primário e secundário. Os dois primeiros tipos acometem cães das raças Basset Hound, Dachshund, Cocker Spaniel, Poodle e Schnauzer miniaturas, Husky Siberiano, Fox Terrier, Chiuhahua, Beagle, Border collie, dentre outras. .

A doença se manifesta por sinais clínicos como edema de córnea, congestão de vasos oculares, midríase (dilatação da pupila), aumento da PIO (pressão intra-ocular) e do bulbo do olho, dor e blefaroespasmo. (Figura 4).


Olho de cão com glaucoma crônico. Notar aumento do bulbo do
olho (buftalmia), edema e neovascularização corneana.

A terapia visa a diminuir a produção do humor aquoso ou a aumentar a sua drenagem, podendo ser clínica ou cirúrgica. O prognóstico em animais é bastante reservado, sendo o tratamento raramente curativo e nem sempre eficaz.

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