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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Cães e crianças



Esta é uma parceria que tem tudo para dar certo: os cães, pelo próprio sistema de organização do mundo canino, são naturalmente propensos a proteger e cuidar das crianças, já que elas são os filhotes humanos. E os filhotes são sempre protegidos pelos membros de uma matilha. Infelizmente, há muitas histórias infelizes envolvendo estes dois personagens. Algumas delas são histórias simples, sem nenhuma gravidade; outras, porém, contam dramas horríveis de crianças atacadas cruelmente, e muitas vezes mortas, por cães.

É preciso analisar imparcialmente os vários lados desta questão para poder entendê-la, e tomar providências para evitar problemas.

Vamos começar neste mês uma série de matérias sobre o tema, já que ele envolve muitos aspectos, e seria impossível abordá-los numa só matéria de forma profunda.

Neste mês de novembro iremos abordar os pontos referentes à criação de crianças e cães na mesma casa.

É bastante comum que em casas que têm crianças também existam cães. Porém, nem sempre criar cães e crianças juntos é fácil. O problema se instala pelo fato de haver uma grande confusão entre as características e necessidades desses dois filhotes: o humano e o canino.

Mesmo quando temos uma criança crescendo junto com um cão adulto ainda podemos ver como certos pais não conseguem discriminar estas diferenças. Percebe-se claramente que tais humanos esperam que seus cães tenham o discernimento próprio aos humanos, e não vêm que eles agem segundo as regras e características próprias dos cães.

Desenvolvimento:

É bastante difundida a idéia de que cada ano canino corresponde a 7 anos humanos. Isto, no entanto, não tem qualquer valia se não sabemos de fato o que isso significa na prática. Na verdade, isto está longe de ser uma verdade tácita. A maturidade de um cão é atingida em épocas diferentes para cada raça, dependendo diretamente do porte de cada raça. Cães pequenos e minis tornam-se adultos por volta dos 12 meses de idade. Já os cães de raças tamanho grande e gigante demoram muito mais para atingir a idade adulta: algumas raças só seu pleno desenvolvimento aos 3 anos.

Portanto, enquanto com seu filhote humano você tem uns 20 anos para educá-lo, com seu filhote canino este tempo é muitíssimo reduzido. E para que você possa ter um cão adulto equilibrado é preciso colocá-lo na linha o quanto antes. Você precisa ser um líder claro, e dar limites a ele assim que ele chega à sua casa. Além do tempo limitado, os cães não têm a nossa racionalidade. O raciocínio canino tem características completamente diferentes do nosso. Para educá-lo, você precisa usar uma linguagem que ele entenda, que é diametralmente diferente da que você usará com seu filho.

Num ponto há uma grande concordância: tanto num caso como no outro é absolutamente desaconselhável fazer concessões para obter a simpatia. O que eles precisam é de alguém que zele por eles, mesmo que para isso seja preciso contrariá-los e impor muitos limites.

Nem toda mordida é uma agressão!

Este ponto deve ser abordado tanto para o cão adulto como para o filhote. São inúmeros os proprietários de cães que nos escrevem contando de mordidas que seus cães deram nas pessoas da casa. Na maioria das vezes, porém estas mordidas nada têm de agressivas.

Quando estamos tratando de um filhote, é fundamental lembrarmos que ele brinca com as crianças da casa da mesma forma que brincava com seus irmãos de ninhada. E as mordidas aí surgem naturalmente, sem nenhum contexto agressivo. Para piorar este quadro, ainda temos crianças que se deixam ser mordidas como o “preço” por brincar com o cão. Nem uma coisa, nem outra! Essas mordidas não devem ser encaradas como sinal de agressividade da parte do cão, mas nem pr isso devem ser toleradas. É preciso educar este cão a não morder, e ao mesmo tempo deve-se orientar as crianças a não se deixarem morder. Muitas vezes essas crianças falam que não se incomodam, mas isso não deve ser permitido. Toda vez que o filhote morder é preciso pressionar o dedão sobre a língua dele com bastante força. Esta pressão deve ser feita assim que ele encosta os dentes nas suas mãos. A idéia é que ele ache que ter as suas mãos dentro da boca dele seja muito desagradável, e pare com este hábito. Leia a matéria “Filhotes - Porque eles mordem?” que trata especificamente deste tema.

Outro aspecto que deve ser considerado neste quesito é o fato dos cães não terem dedos articulados, com isso, sempre que eles querem “pegar” qualquer coisa, eles usam a boca. Muitas vezes o cão quer puxar a criança para junto dele, ou mesmo levá-la a outro lugar, e ele usa o único instrumento que conhece para isso: os dentes. Mais uma vez na há qualquer agressão aqui.

Falando de cães adultos, é fundamental falarmos um pouco sobre a organização da matilha. Em qualquer matilha, todos os adultos são responsáveis pela educação e proteção dos filhotes. Quando um adulto quer reprimir um filhote – para que ele pare qualquer comportamento impróprio – ele pressiona seus dentes sobre o focinho do filhote. Esta pressão é leve, pois a intenção aqui é conter o filhote, e não machucá-lo. Quando cessa tal comportamento a mordida também acaba. Da mesma forma, podemos ter nosso cão tentando evitar que o bebê se exponha ao perigo, ou mesmo que a criança aprenda a lidar com o cão de forma mais gentil. Não é incomum que as crianças machuquem os cães quando brincam. Sendo mais desajeitados que os adultos, algumas crianças abraçam os cães de forma a sufocá-los. Outras ainda pegam-nos no colo – principalmente no caso de cães pequenos – chegando a machucá-los. Em vários casos vemos que tais cães já tentaram tudo antes de chegar à mordida, para se livrar do incômodo. Apesar desta mordida ser – na maioria das vezes – tomada como uma agressão, ela nada mais é do que o cão educando a criança. Ele está mostrando a ela que não gosta daquela atitude, e, a menos que a criança volte a incomodá-lo, ele não a machucará novamente.

É sempre importante lembrarmos que o cão age deste jeito, muitas vezes também, por estar assustado. Ao se ver sendo amassado no colo, ou ainda sufocado, ele age pelo instinto.

É preciso ter muito bom senso nesta hora. O mais comum é tratar o cão como o vilão da história, mas a coisa não é bem assim! Não se pode rotular o cão como agressivo pelo fato dele não querer ser machucado. Em linguagem clara, o cão agressivo machuca muito! Suas mordidas costumam sangrar; bem diferente da mordida que nem mesmo marca a pele.

Tão importante quando acostumar o cão à presença da criança, é ensinar a criança a respeitar o cão. Ele não é um brinquedo, e nem um saco de pancada! Se o cão não gosta de ficar no colo, a criança precisa respeitar isso. SE os pais não conseguem ter este tipo de atitude, acreditando que a criança deve ter prioridade em todas as questões, talvez seja o caso de esperar que ela cresça um pouco mais antes de ter um cão. Crianças mais velhas costuma entender mais facilmente estas regras, e são menos desajeitadas com os animais.

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