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quarta-feira, 16 de março de 2011

O gato na história


Amados e odiados, os gatos têm uma longa história, feita de encontros e desencontros com a raça humana. Idolatrados pelas civilizações mais antigas do planeta, vivemos uma fase negra quando, na Idade Média, fomos caçados, juntamente com as bruxas. Mais tarde, voltamos a assumir um lugar de relevo no seio de muitas famílias um pouco por todo o mundo, onde continuamos hoje, gozando do estatuto de um dos animais de estimação mais preferidos de todos os tempos.

Há milhões de anos atrás…
Alguns estudiosos apontam o "Miacis”, um animal parecido com uma doninha e que viveu há 40 ou 50 milhões de anos atrás, como o nosso parente mais próximo. Não conheço e nem sei se queria conhecer!
Outros registos indicam que há cerca de 11 milhões de anos atrás, os nossos antepassados mais selvagens já davam saltos supersónicos na Ásia e que há 9 milhões de anos atrás já ronronavam algures nos Estados Unidos da América.
Foi em tempos remotos, quando os níveis do mar subiram e desceram drasticamente, criando diferentes divisões territoriais, que nós, nómadas por natureza, começamos a palmilhar o mundo. Chegamos aos seus quatro cantos… bem, excepto à Antárctica. Íamos para o frio não!? Parece que não nos conhece… alguém falou em lareira?
Há quem diga que já na Idade da Pedra percebemos que o nosso lugar era ao lado dos humanos, afinal de contas era com eles que estava a comida e onde havia comida, havia ratinhos!
Antigo Chipre
Diz-se que a primeira prova da nossa possível domesticação surgiu há mais de 8 mil anos atrás quando foram encontradas, na ilha do Chipre, sepulturas com os restos mortais de gatos, ratos e humanos… sim todos juntos!
Na companhia dos faraós egípcios
Ah, meus caros, mas a verdade é que vivemos alguns dos melhores momentos da nossa história no Egipto, onde éramos venerados como deuses. Juro! Eu não sou, naturalmente, desse tempo, mas já ouvi cada coisa:

A agricultura era uma das mais importantes actividades económicas e de subsistência dos egípcios que, ao armazenar cereais enfrentaram um grande problema: os ratos que davam cabo de tudo num instante! Felizmente, um egípcio muito observador percebeu que os gatos eram excelentes caçadores (modéstia à parte!) e que eram os melhores seguranças a “contratar” para os armazéns reservados às colheitas anuais.
A partir daí, éramos recebidos de braços abertos por todos, que faziam de tudo para nos manter perto das suas casas. Deixavam-nos comida, como pão embebido em leite ou cabeças de peixe, mas melhor do que isso, acarinhavam-nos. De facto, foram os egípcios a primeira comunidade a domesticar os gatos, recebendo-os dentro dos seus lares.
Fomos colocados num pedestal tão alto que até foram criadas leis para nos proteger! Essa não sabia, pois não? Os imponentes faraós ditaram que era crime matar ou magoar um gato, mesmo que fosse por acidente. Por exemplo: se a casa do meu dono pegasse a arder, ele teria de me salvar primeiro e só depois a família! E se alguém matasse um felino, morria. Incrível…
Se morrêssemos de causas naturais, toda a família rendia-se ao luto, que era sempre bastante sentido. Os nossos donos faziam questão de mostrar a sua tristeza com cânticos e pancadas no peito. Depois, éramos embrulhados num pano de linho e entregue ao padre, que (qual CSI!) verificava se a nossa morte tinha sido, de facto, natural.
Verificada a causa da morte, o corpo era embalsamado, embrulhado de novo num pano de linho e enfeitado. Depois, ou era sepultado num cemitério especialmente concebido para gatos (os egípcios não brincavam em serviço!) ou colocado num túmulo em templos sagrados. Um desses templos encontrava-se em Bubastis (era um templo de Bastet, figura que vai conhecer mais adiante!), no entanto, foi em Beni-Hassan que uma escavação efectuada no início do século XIX desvendou mais de 300,000 gatos mumificados! Agora esta é a melhor parte: os egípcios também mumificavam ratos para que não nos faltasse alimento na próxima vida (até eles já sabiam que tínhamos sete!). Que queridos! Que paraíso!
Mas não fica por aqui… tivemos direito à nossa própria deusa e tudo! Basteta, uma deusa maternal e intimamente associada à beleza, à elegância, à fertilidade e à felicidade, tinha corpo de mulher, mas cabeça de gato. Considerada uma grande protectora do homem, esta “deusa-gato” tornou-se numa das figuras mais glorificadas daquele tempo.
Sabia que no antigo Egipto a palavra para gato era "mau", muito similar àquilo que é hoje o nosso muito universal "meow"?
Posso ainda acrescentar que nunca esquecemos o quanto gostamos de ser tratados como realeza… e temos os egípcios para agradecer!
Os egípcios adoravam os seus gatos de tal maneira que até criaram outra lei que proibia a nossa exportação. Mas, como nós felinos somos muito curiosos (pronto, queríamos viajar e conhecer o mundo!), cerca de dois mil anos depois, a moda de nos infiltramos nos barcos do Rio Nilo depressa pegou e aí fomos nós! Para além de assegurarmos a captura de muitos roedores, fomos ainda fiéis companheiros de milhares de capitães e marinheiros nas suas longas viagens.

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